Educação

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

                                 UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA

                                                                 FERNANDA OLIVEIRA
MARIA HELENA PARRACHO
MARIANE OLIVEIRA
MIRIAN ARAÚJO
QUÉSIA SANTANA
RENATA PARAÍSO
SANDRA AVELAR
RELATÓRIO DA ATIVIDADE DE CAMPO
TRABALHO INTERDISCIPLINAR DO 3ª SEMESTRE
Apresentação

O presente trabalho interdisciplinar, realizado pelas discentes do 3ª semestre do curso de Pedagogia da União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME), refere-se ao relatório baseado no tema Autonomia, construído a partir de pesquisas bibliográficas e de campo, sendo esta última, implementada na creche Municipal Deputado Paulo Jackson localizada no Centro de Apoio Integral à Criança (CAIC), situado na comunidade de Pouso Alegre, Itinga, Lauro de Freitas – Bahia. Caracterizada como uma instituição pública encontra-se subsidiada pelas Secretarias de Educação e de Desenvolvimento Social, ambas do Município de Lauro de Freitas que viabilizaram a implantação e funcionamento da creche para crianças da faixa etária de zero a três anos, em uma comunidade carente onde até o atendimento às necessidades básicas é restrito, tornando-se assim, fundamental a existência de tal instituição na região.
A motivação para tal pesquisa está baseada na importância do papel da creche para o desenvolvimento da identidade e autonomia das crianças, em especial de zero a dois anos, através de práticas pedagógicas que estimulem a capacidade de aprendizagem, assimilação de valores éticos e morais cultivados através de uma educação que privilegia a liberdade do ser, em um ambiente democrático e constituído por relações de respeito mútuo e cooperação.
Este relatório descreve o resultado da pesquisa, baseada em observação e entrevistas, tendo como foco principal, a criança, que é capaz de planejar e controlar suas ações para alcançar um objetivo, uma vez que ela já dispõe de competências cognitivas, lingüísticas e motoras adequadas à sua autonomia.
Com isso, pretendemos contribuir para ampliar as estratégias utilizadas pelos professores em sala de aula no que se refere ao desenvolvimento da autonomia das crianças e também na formação de futuras educadoras, para que possam adquirir uma visão mais ampla da importância das atividades que desenvolvem a identidade e a autonomia nos alunos.

Introdução

Etimologicamente, autonomia deriva do grego auto – por si só- mais nomós – lei - e que quer dizer faculdade de se governar por si mesmo, emancipação, liberação moral ou intelectual.
Fala-se em autonomia em relação ao fazer: dir-se-á de umas crianças que amarram sozinha os sapatos que são autônomos para essa ação, também em relação ao pensar: a criança autônoma pensar por si só, refleti com seus próprios meios, inventar idéias e teorias.
Para Fonzi(2001.P.252) antes de alcançar a autonomia, a criança adquire várias habilidades motoras como a marcha,ficar em pé na posição ereta,movimentar-se.subir,correr,mas muitas conquistas no campo da motricidades fina estão em amadurecimento como abotoar-se e amarrar os sapatos.
Sabemos que esta conquista é lenta e cheias de tentativas foi umas das habilidades a qual observamos em algumas crianças de 2 anos sendo essa autonomia crescente  a cada dia umas desenvolvem mais rápido e outras mais lenta.
Segundo Kant (1997) autonomia está associada aos princípios da razão humana, onde esta é o fundamento da liberdade e do exercício que está inseparável do conceito de moral, ainda para Kant, o indivíduo livre é aquele que atinge a razão autônoma, objetivo da educação, mediante um trabalho de ação e reflexão a partir das experiências interativas que cada criança vivencia no seu dia-a-dia. 
Na perspectiva piagetiana, o individuo pode ser moralmente autônoma aquela que, no seu juízo, baseia-se nos princípios de igualdade, da equidade, da reciprocidade e do respeito mútuo.
A creche, de acordo com o Referencial Curricular Nacional (1998), é uma instituição onde se deve criar um ambiente de acolhimento que dê segurança e confiança às crianças, garantindo oportunidades para que sejam capazes de realizar escolhas e de se autogovernar.  Um ambiente para cuidar e educar, onde atividades são planejadas de forma lúdica e prazerosa, pensadas de modo equilibrado entre atividades dirigidas, com o propósito de desenvolver competências constantes do currículo e ainda momentos em que a criança possa decidir o que fazer, trabalhando assim sua responsabilidade e autonomia.
A educação infantil desempenha um papel importante na formação do indivíduo, preparando-o para vida em sociedade e para o exercício da cidadania. Segundo Freire (2000), a cidadania é a consciência de si e de seu papel no mundo para transformá-lo. Mais do que um espaço destinado ao ensino-aprendizagem, ela influencia de forma decisiva na formação ética e moral do indivíduo, valores que são a base para a construção da identidade e autonomia.
Segundo Zabalza (1998), alguns dos aspectos básicos para uma educação infantil de qualidade são: a organização de espaços amplos e especializados, um equilíbrio entre a iniciativa do aluno e o trabalho dirigido, uma atenção privilegiada aos aspectos emocionais, a utilização de uma linguagem rica, atividades diversificadas que desenvolvam todas as capacidades, criação de rotinas estáveis, utilização de materiais diversificados e polivalentes, atenção individualizada a cada criança, sistemas de avaliação do grupo e individual, trabalhos com as famílias dos alunos.
O professor deve atuar como organizador condutor e avaliador do processo de ensino-aprendizagem, ciente do seu papel como facilitador da construção da autonomia, respeitando a individualidade, a curiosidade, a inquietude seus alunos. 

Desenvolvimento

Diante das reflexões feitas sobre a temática autonomia,  tão importante para o desenvolvimento da criança, faz-se necessário descrever a creche visitada na qual desenvolvemos atividades objetivando contribuir para a formação de crianças autônomas.
Embora a instituição tenha sido inaugurada em 25 de setembro de 1996, o seu pleno funcionamento só ocorreu em 29 de julho de 2005, na gestão da Prefeita Moema Gramacho. O horário de funcionamento é de segunda-feira à sexta-feira no período das 7h30min às 17h, são 200 dias letivos, jornada mínima de oito horas diárias, portanto, além das atividades pedagógicas, recreativas e livres há a realização de cinco refeições diárias – café da manhã, colação, almoço, merenda e jantar. O calendário escolar prevê as atividades do corpo docente que é instituído por nove professoras e oito auxiliares e cento e oitenta discentes, integrando-o ao seu Projeto Político Pedagógico desenvolvido pelas gestoras Sra. Jane Dalva dos Santos Moreira e Sra. Maria Auxiliadora de Souza Freitas e a coordenadora pedagógica Sra. Jaciara Cerqueira Pires no qual constam os projetos permanentes como a construção da autonomia, projeto de saúde bucal, projeto de Geração de Renda e Assistência Social.
A creche está organizada estruturalmente em dois níveis: Administrativo, que assegura a gestão de recursos humanos e materiais,  representado pela Direção e Vice-Direção, Supervisão Administrativa, Serviço Social e Serviços Gerais e, o Pedagógico, assegurado por professores e auxiliares de classes, havendo relações de interdependência, de acordo com as disposições regimentais.
A equipe esteve presente na creche em três momentos distintos: dia 05 de novembro, das 14:00 às 16:00h, dividiu-se entre entrevista, com a diretora Jane Dalva e observação dos Grupos Dois e Três, e ainda o reconhecimento da estrutura da creche; no dia 12 de novembro das 14:00 às 16:00h, a equipe se concentrou na observação da rotina das crianças, acompanhando o Grupo Dois da Professora Márcia; no dia 19 de novembro, das 14:00 às 15:00h a equipe verificou se concentrou da sala do Grupo Dois da Professora Rizo, averiguando as necessidades da turma e buscando um espaço alternativo, na própria creche,  para a execução da culminância do trabalho.
Na observação do Grupo Dois, a equipe pode acompanhar diversas atividades da rotina que desenvolvem a autonomia promovendo as capacidades afetivas e de equilíbrio pessoal, cognitivas, lingüísticas, motoras, de relações interpessoais e de atuação e inserção social,  e ainda,  atividades que proporcionam o desenvolvimento de hábitos e atitudes, como  a rotina com a chegada, acolhimento, café da manha, atividades diversificadas, colação, atividade calma, banho, almoço, escovação de dentes, merenda, asseio e jantar e saída.
Segundo Wallon, (1959, p 257),  “(...) não pode haver identificação do próprio corpo sem identificação simultânea dos objetos exteriores”, o domínio e firmeza dos movimentos e o desenvolvimento corporal dessas crianças de apenas dois anos, é impressionante, toda a rotina é desenvolvida proporcionando a eles expressar suas habilidades. O domínio do próprio corpo é uma característica importante para a sobrevivência da criança, ainda segundo Wallon, (1959, p. 252) “(...) um elemento base indispensável à criança para a formação da sua personalidade é a representação mais ou menos específica e diferenciada que tem do seu próprio corpo”.
Na rotina vespertina, ao acordar ou serem acordados, as crianças pegam seus próprios colchões e lençóis e guardam no armário, demonstrando verdadeira autonomia na sua atitude e gestual. São distribuídos os pratos para o lanche em uma vasilha e cada aluno pega sua fruta e come sozinho. Depois, os pratos são colocados, por eles mesmos,  numa vasilha para serem recolhidos.
Ao levantar para calçar os sapatos sem a ajuda da professora, os alunos empurram suas cadeiras deixando-as encaixadas nas mesinhas. A mesma desenvoltura pode ser observada quando eles utilizam o banheiro, elas vão sozinhas, tiram suas roupas e guardam nas mochilas, também sem a ajuda de nenhum profissional. Enquanto a auxiliar penteia os cabelos das crianças, a professora distribui as escovas de dente com pasta para cada um, que se dirigem mais uma vez a sós, para o banheiro. A hora da refeição também demonstra o trabalho da autonomia, muitos comem sozinhos guardam seus pratos no recipiente apropriado  e se encaminham para a aguardar a hora da saída.
Refletimos que o papel do educador em qualquer contexto deve ser o de promover a autonomia nas crianças, logo Demo (1995), acrescenta que “(...) cabe auxiliar o aluno a libertar-se, aprendendo a reconhecer-se como sujeito de direitos e deveres”, com essa atitude, a criança se desenvolve de forma plena e responsável.
Até mesmo pela idade do grupo, e o grande número de crianças alocadas em cada sala, verificamos um caráter mais assistencialista do que pedagógico embora, algumas atividades sejam feitas para que elas reconheçam letras e números.
Ressaltamos ainda, o papel decisivo do meio social na construção do “eu” infantil, afirmando serem as relações sociais que a criança mantém com sua família e na escola imprescindíveis para sua autonomia e a apropriação da leitura e letramento escolar, pois, construindo o conhecimento, a criança constituirá sua personalidade e desenvolverá sua autonomia perante os problemas do dia-a-dia.
Podemos dizer que a instituição entende que a educação se realiza em todos os momentos, em vários lugares, dentro e fora da escola e que influencia na formação de cada ser humano e conseqüentemente da sociedade, neste sentido, é que percebemos que a proposta pedagógica está fincada no processo de construção do sujeito e que este indivíduo é capaz de aprender e ter atitudes responsáveis que possibilitem relacionar-se com o outro a partir do respeito às diferenças individuais e sendo construtor e construído do seu mundo na medida em que, lida com o conhecimento de forma dinâmica e intensa logo, podemos atestar que a Creche trabalha com princípios fundamentais para a formação humana baseado nos quatro pilares da UNESCO – aprender a ser, aprender a conviver juntos, aprender a fazer e a conhecer.
O CAIC trabalha com a autonomia dos alunos em vários aspectos e em vários momentos como iremos abordar a seguir, como por exemplo, fazendo com que cada criança aprenda a ter responsabilidades, a desenvolver o senso de argumentação, a buscar a resolução de situações-problema e a aquisição da opinião própria.
Conclusão

A observação é uma oportunidade de desenvolvermos o exercício da criatividade e reflexão acerca da gestão escolar e do projeto político pedagógico à medida que estudamos e desenvolvemos o pensamento crítico sobre os saberes docentes, conhecendo também instrumentos e objetivos da organização do trabalho escolar..

                                            REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular
nacional para educação infantil. Brasília, DF: MEC, 1998.

ZABALZA, M. A. Os Dez aspectos-chave de uma educação infantil de qualidade. In: ______. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998. p.49-54.


                                                            ANEXO I

ACÕES PREVISTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA SALA TEMÁTICA

Objetivo das atividades da sala temática:
Possibilitar que as crianças brinquem livremente, expressando seus desejos, sentimentos, vontades e desagrados, agindo de maneira autônoma.

Abertura dos trabalhos:
Recepcionar os alunos em uma roda no centro da sala com as boas vindas. Estimular que todos falem seus nomes começando pelos professores, após o que se deve  realizar uma atividade corporal. Explicar as atividades propostas para a tarde e enfatizar que eles deverão escolher as atividades que desejam participar, a escolha é uma ferramenta importante para desenvolver autonomia. A sala será organizada com os seguintes “Cantinhos Temáticos”:

Cantinho da Leitura:
Um espaço aconchegante com tapete, almofadas, livros onde duas estagiárias estarão desenvolvendo a “contação de histórias”, de maneira bem dinâmica buscando sempre a participação dos alunos, que também serão estimulados a manipular os livros e inventar suas histórias.

Cantinho da pintura:
Este espaço será preparado com folhas de papel metro, tinta dedo e muita criatividade para as crianças produzirem seus desenhos livremente cada uma com sua percepção de mundo.

Cantinho da Fantasia:
Neste cantinho, em frente ao espelho, as crianças poderão escolher entre máscaras com motivos diversos ou pintura de rosto para comporem seus personagens.

Cantinho dos jogos e brincadeiras:
Jogos de dados, amarelinha, boliche, memória entre outros que objetivam estimular as crianças a resolver problemas. A estagiária irá propor atividades que busquem desenvolver de forma lúdica, além da autonomia, a coordenação motora, a percepção cognitiva.     
       
A dinâmica do desenvolvimento da sala temática partirá da divisão do grupo em quatro subgrupos de sete crianças aproximadamente levando em conta, na medida do possível, as suas escolhas. Cada subgrupo será encaminhado para um cantinho temático para o inicio das atividades. Cada  estagiária responsável por um cantinho temático irá desenvolver as atividades propostas com o subgrupo durante um período de 25 minutos, após o que, haverá um rodízio e assim sucessivamente até que todas as crianças passem por todos os cantinhos.
O tempo estimado para  toda a atividade é de aproximadamente 2 horas, das 14:00 às 16:00h.
A avaliação será realizada durante todo o processo, desde a apresentação até o encerramento, as estagiárias observarão a atitudes que demonstrem que os pequeninos estão desenvolvendo sua autonomia.

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