Educação

terça-feira, 23 de agosto de 2011


Reflexões sobre Lista de Discussão



Listas de discussão
Para entender o que é uma lista de discussão, vamos imaginar que você e mais quinze
dos seus colegas professores resolvam debater um determinado tema. Vocês poderiam todos informar-se sobre os endereços uns dos outros (um de vocês poderia até mandar a lista de endereços por e-mail para todos ‘os outros’) e quando alguém quisesse comunicar algo precisaria apenas enviar um e-mail para os outros quatorze. Sem problemas, não é mesmo!
Mas imagine agora que você, diretor de uma escola, quer mandar um e-mail para a lista
de 1.367 pais de alunos da escola, podendo eles também responder este e-mail em retorno para todos os pais, gerando, assim, um debate entre todos eles. Nossa! Agora já  ficou mais complicado. A solução para o caso é criar uma lista de discussão, que consiste em criar um único endereço eletrônico, como por exemplo:
pais_da_escola_guilherminaSilva@dominio.do.servidor.de.listas, que terá a ele associado todos os endereços dos pais da escola.
A existência de um e-mail específico através do qual todos se comunicam é a chave do serviço de listas de discussão: desta forma, transformamos uma extensa lista de endereços de participantes, que altera a todo momento, em um único e imutável endereço da lista de discussão. (FILIPPO; SZTAJNBERG, 1996, p. 155).
Apesar de estarem construídas sobre o serviço de e-mail, as listas de discussão são um serviço específico, diferente do serviço de e-mail. Este requer um servidor que seja configurado para executá-lo, sendo necessário um programa de gerenciamento de listas.
A máquina que tem este programa instalado funcionará como um refletor (porque reflete mensagens para todos) e passará a ser conhecida como sendo um servidor de listas. (FILIPPO; SZTAJNBERG, 1996, p. 156).
As grandes empresas e corporações mantêm seus próprios servidores de listas. Para
os usuários em geral, a alternativa é usar algum servidor gratuito, que se denominam servidores para grupos. Alguns dos mais conhecidos são:
http://www.grupos.com.br/
http://br.groups.yahoo.com/

Questões de segurança no uso do e-mail e de listas de discussão

Voltando à questão do e-mail, há alguns aspectos de segurança específicos desta ferramenta que devemos destacar. Há uma questão sempre presente, mesmo sabendo que é crime a violação da correspondência alheia, como saber que, estando nossa mensagem digital viajando por aí na rede Internet, não será ela interceptada e lida. Afinal, não temos nenhum lacre que informe se a mensagem já foi aberta ou não. Não há mesmo como saber. A questão é confiar nos administradores dos servidores da rede.
A Internet sempre teve na segurança um ponto fraco. (FILIPPO; SZTAJNBERG, 1996, p. 157).
As pesquisas em segurança têm avançado muito. Quanto a esta questão de fundo, não
há muito a fazer. Há, contudo, outras questões para as quais podemos tomar precauções
efetivas. Elas são todas referentes ao recebimento dos Spams. Mas o que é um SPAM?
São aquelas mensagens que recebemos sem desejar. Essas mensagens são usadas para enviar propagandas, vírus ou, mais grave ainda, para enviar pornografia, ou mesmo para lesar-nos tentando roubar nossos dados. É o que chamamos de lixo eletrônico.

Saiba Mais
Há algumas hipóteses acerca da origem do termo spam. A mais popular é
que o termo seja a abreviatura de SPiced hAM, um presunto enlatado muito
comum nos EUA e Inglaterra. Este tipo de comida era considerado de baixa
qualidade, desta forma, na década de 70, um grupo de comediantes chamado
Monty Python fez uma esquete satirizando a duvidosa qualidade do
presunto. A esquete se passa em um restaurante, que serve grandes quantidades
de SPAM em todos os pratos, mesmo contra a vontade dos fregueses.
A partir de então, spam virou sinônimo de tudo que é enviado em grande
quantidade e sem o consentimento do destinatário.” (CAMARGO, 2008).
Esse lixo é produzido porque muitas pessoas utilizam da maior vantagem do
e-mail, o de mandar uma mesma mensagem para muitas pessoas. Há até
um comércio na Internet de grandes listas de e-mails válidos, que algumas
pessoas conseguem juntar. “Este tipo de mensagem causa muitos prejuízos
e algumas fontes chegam a mencionar cifras bilionárias ao contabilizar os
gastos com esta praga eletrônica.” (CAMARGO, 2008).

Para se proteger destes golpes, veja alguns cuidados adaptados daqueles indicados
por Camargo (2008):
Nunca responda spams, se você fizer isso estará apenas confirmando a existência
do seu e-mail, desta forma será alvo certo de lixo eletrônico.
Tome cuidado principalmente com mensagens enviadas por:
- agências governamentais: “Seu CPF está bloqueado, clique aqui para
regularizar sua situação”;
- bancos: “Estamos procedendo um novo cadastramento, clique aqui e
acesse a página para entrada de dados”;
- serviços de proteção ao crédito: “Seu crédito está bloqueado, clique aqui
para conhecer o processo...”;
- um(a) amigo(a) ou apaixonado(a) desconhecido(a): “Fulano(a) enviou
um cartão para você, clique aqui para ler o seu cartão”; “Não me esqueci de você,
clique aqui para ver a nossa foto”.
Nunca clique aqui!, desconfie sempre. Ao clicar você estará possibilitando que algum
vírus se instale, ou que seus dados sejam fisgados. Lembre-se, agências governamentais,
ou empresas que lidam com grandes parcelas da população, têm
como regra não usar o e-mail, justamente para proteger os cidadãos deste tipo de
trapaça.
Preserve seu e-mail. Só o forneça para pessoas confiáveis.
Use “Cópia Oculta” ao enviar e-mails a muitos contatos. Esta é uma maneira de
evitar que seu e-mail circule pela rede caso seu destinatário encaminhe a mensagem
que você enviou, principalmente naqueles e-mails do tipo corrente.
Utilize os filtros antispam do seu provedor. No Gmail, há uma opção de configuração
chamada filtro, que pode ser usada para excluir imediatamente mensagens que
contenham determinadas palavras, ou que tenham sido enviadas por determinado
endereço. Vale a pena aprender a usar.
Não dê continuidade aos e-mails do tipo corrente (aqueles que você deve mandar
imediatamente para dez outros amigos), porque esses são boas fontes de captação
de listas de endereços pelos spammers (os que gostam de enviar spams).
Secretaria de Educação a Distância. Diretoria de Produção de Conteúdos e Formação em Educação a Distância. INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO DIGITAL. Guia do Cursista. Edla Maria Faust Ramos Mônica Carapeços Arriada, Leda Maria Rangearo Fiorentini. BRASÍLIA, 2009


                             Lista de discussão

Maria Helena Silveira Bonilla
FACED/UFBA – bonilla@ufba.br
Um elemento importante no processo de mutação cultural desencadeado na escola pode ser a lista de discussão. Constitui-se num ambiente onde pode-se trocar idéias e impressões a respeito do trabalho que vai sendo desenvolvido. No entanto, como a maioria dos professores não conhece esse dispositivo, não consegue usufruir das oportunidades criadas pelo ambiente. Num primeiro momento, os professores necessitam de assessoria constante para  desencadear o processo de participação. Também, somente quando estão diante da necessidade efetiva de fazer uso de uma lista para que as ações junto aos alunos possam desenvolver-se, é que os professores engajam-se verdadeiramente no processo. Isso mostra que cursos de capacitação, sem uma efetiva ação dentro da escola, sem oferecer as condições para que os professores vivenciem situações, não conseguem envolver os professores a ponto de construírem autonomia para a proposição de outras práticas (André, 1995:115). Com alguns professores é necessário acompanhar passo a passo, durante algum tempo, desde o caminho que devem percorrer para acessar a caixa de mensagens até a redação de uma mensagem. Outros não, logo após o primeiro acompanhamento, já conseguem participar ativamente da lista, analisando as informações que os alunos disponibilizam, provocando os alunos a participarem, trazendo outras questões para a discussão, auxiliando os alunos.
Com os alunos, esse processo é bem mais rápido. Na maioria dos casos, eles também não conhecem lista de discussão, mas logo compreendem o sentido e o funcionamento da mesma e são bem mais autônomos na interação. No entanto, como não usam e-mail assiduamente, procuram enquadrá-lo na lógica do chat, que é de uso mais comum. Assim, muitos não assinam os e-mails, outros utilizam a lista para comunicação mais individual. Isso gera crítica por parte de outros alunos, que dizem que na lista devem ser tratados apenas temas de estudo.
Esse é um debate que vem se processando no interior da maioria das listas de discussão. O que cabe ser discutido numa lista? A tentativa de delimitar o que pode e o que não pode circular faz parte dos mecanismos de controle que tentam se impor a todos os processos. Alguns chegam ao extremo de construir normas e regras para a utilização de uma lista de discussão.
No entanto, numa lista, os processos são fluídos, a “organização” tão requerida por alguns, vai acontecendo no próprio fluxo, na própria dinâmica de interação da comunidade. Em alguns momentos, uns vão reclamar, estarão descontentes, outros vão discordar deles; em outros momentos alteram-se os papéis, mudam os motivos da reclamação. Faz parte do fluxo. Justamente por ser dinâmica, os processos de auto-organização também são instáveis (Morin, 1998:195-206).
Outros fatores também levam à reclamação de alguns. Muitos participantes de listas de discussão apontam como pontos críticos tanto o volume de mensagens quanto o tamanho das mesmas. Essas reclamações são decorrentes da concepção de que a leitura deve ser linear, detalhada, do início ao fim. No entanto, como as listas de discussão fazem parte de um ambiente hipertextual, a compreensão da mensagem não está no fato de ser lida do início ao fim, uma vez que o que está expresso mantém uma unidade de sentido com a infinitude do que não foi expresso (Gadamer, 1997:680). A leitura das mensagens deve ser mais no estilo navegação, ou seja, uma leitura mais global, onde a partir de alguns fragmentos constrói-se uma visão do todo, uma vez que palavras, expressões, tópicos, colapsam o espaço virtual das possibilidades em um acontecimento, um “lugar” de sentido, “lugar” que vai se reconfigurando à medida que se conectam outras palavras, expressões ou tópicos. Dessa forma, algumas mensagens, aquelas que não instigam, não apresentam sentido, são excluídas, independentemente de seu tamanho.
Aos poucos, os integrantes das listas de discussão vão percebendo que o meio não é propício para a escrita de longas mensagens, que dificultam essa leitura global. Quando necessitam enviar textos mais extensos optam por mandar em arquivo anexo, ou um link para acesso direto na rede. A cultura do uso vai se constituindo, umas dinâmicas dando lugar a outras, mais de acordo com as características do meio e com o desejo dos participantes.
Como os professores estão acostumados a trabalhar de forma fragmentada, cada professor fazendo seu trabalho, fechado dentro de sua área, num primeiro momento cria-se uma certa perplexidade. Alguns professores sentem-se inseguros, com medo de não poderem, no meio da “bagunça”, isolar o seu campo de domínio, e por isso mesmo não saberem o que fazer com as informações que circulam. No entanto, à medida que a lista é dinamizada, vão sendo estabelecidos vários links, o que é importante para refletir sobre a questão da fragmentação do saber, tão próprio da escola, e das possibilidades de superação dessa prática.
O envolvimento e a participação dos integrantes numa lista de discussão é outro tema que vem sendo analisado. Quase sempre o número de participantes ativos, que se posicionam e contribuem para a dinamização das listas é muito reduzido. No entanto, o importante numa lista de discussão não é quantificarmos o número de participantes ativos, e sim abrirmos espaço para a participação, darmos oportunidade de fala a todos. É natural que num primeiro momento os participantes da lista sejam aqueles que mais falam presencialmente, e que aqueles que nunca se manifestam em sala de aula continuem calados, apenas assistindo a dinâmica desencadeada pelos demais. No entanto, essa não é necessariamente uma regra a ser seguida. Como o espaço está aberto, aquele que nunca se manifestou tem a oportunidade para o fazer, uma vez que todos sempre têm alguma coisa a dizer. E é aí que emerge o diferencial. Quando alguém que nunca se manifestou toma essa iniciativa, cabe aos demais participantes valorizar esse posicionamento, instigando para que continue.
O papel do professor também é muito importante. A lista não é o espaço onde o professor distribui informações, é o espaço onde o professor coloca questionamentos, instiga, incentiva a participação de todos. É papel do professor valorizar a participação daquele que não costuma se expor, de forma a criar nele o desejo de continuar falando. Dessa forma, o professor não interage mais só com aqueles que sempre falam, mas principalmente com aqueles que nunca falam. É então que o professor terá a oportunidade de conhecer seus alunos, saber o que pensam, como constróem conhecimento, como se relacionam. Assim, a cultura da participação, a interatividade, vai constituindo-se.
Texto apresentado no VI Colóquio sobre questões curriculares e II Colóquio Luso-brasileiro sobre questões curriculares, realizado de 16 a 19 de agosto de 2004, na UERJ 

Nenhum comentário:

Postar um comentário